Posted by : Unknown sábado, 11 de maio de 2013

O governo chegou a hesitar em lançar o nome de Roberto Azevêdo para disputar o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas, quando decidiu, não mediu esforços para assegurar a vitória. O custo da campanha superou a marca de R$ 1,2 milhão, além dos gastos substanciais e não divulgados com um avião da FAB que levou o então candidato a 22 países em busca de votos. O Itamaraty, a FAB e o Ministério da Defesa não responderam à reportagem sobre qual teria sido o custo dessas viagens, cada qual alegando um motivo diferente. Azevêdo vem insistindo que não será mais um representante do Brasil, adotará uma postura de construir "pontes" entre países ricos e emergentes e insiste que, a partir de agora, caberá ao governo explicar sua posição comercial.

 

Mas, na prática, a campanha de Azevêdo mobilizou o Palácio do Planalto. Durante a campanha, o Estado solicitou ao Itamaraty informações sobre o orçamento destinado ao projeto de eleger Azevêdo para a OMC, objetivo que acabou sendo alcançado nesta semana. Mas o governo justificou que a informação era "estratégica" e que, portanto, não seria revelada. O Estado também pediu informações sobre quais países haviam sido visitados por Azevedo com um avião da FAB e quem estava no avião. O Itamaraty sugeriu que a reportagem usasse os canais colocados à disposição dos cidadãos, como o Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), para obter os dados dos gastos de dinheiro público.

 

Mas o próprio Itamaraty admitiu que sugeria esse caminho fazendo uso de uma brecha na lei para adiar a entrega da informação. A regra estabelece que um pedido ao SIC tem 30 dias para ser respondido. Dessa forma, a informação viria apenas depois do anúncio da vitória de Azevêdo. E foi justamente isso que ocorreu. Na madrugada de quinta-feira, faltando poucas horas para completar um mês do pedido de informação, a reportagem recebeu um e-mail com as respostas. Mas não estavam completas e deixavam de fora os principais gastos da campanha. Foram solicitados os gastos previstos e o orçamento do governo com a campanha do brasileiro para a eleição na OMC.

 

Em resposta, o governo explicou que "a campanha para eleição do embaixador Roberto Azevêdo à direção-geral da Organização Mundial do Comércio foi realizada por funcionários do quadro permanente deste ministério, de modo que as despesas efetuadas, incluídas no orçamento regular do Itamaraty, destinaram-se ao custeio de diárias e passagens dos servidores", explicou o Ministério de Relações Exteriores. "O total despendido pelo Ministério das Relações Exteriores na campanha foi de US$ 600.722,32 (cerca de R$ 1,2 milhão)", indicou.

 

O valor incluía diárias de cada funcionário público em viagem e gastos com passagens em voos comerciais e hotéis. Mas não o custo dos voos pela FAB. Confirmação. O governo confirmou que Azevedo de fato havia utilizado um jato da FAB para realizar viagens pelo mundo. O Estado havia revelado a informação ainda durante a campanha, algo que no momento na época o Ministério da Defesa e a própria FAB se recusaram a comentar.

 

A Defesa direcionou a reportagem para o Itamaraty. Já a FAB nem sequer respondeu aos pedidos. "Os deslocamentos do embaixador Roberto Azevêdo a bordo de avião militar da Força Aérea Brasileira tiveram como destino os seguintes países: África do Sul, Angola, Barbados, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Cuba, Egito, El Salvador, Guiana, Haiti, Jamaica, Marrocos, Moçambique, Nigéria, Panamá, República do Congo, Santa Lúcia, Senegal, Suriname, Tanzânia e Zimbábue", respondeu ontem a chancelaria. Segundo o Itamaraty, o total de R$ 1,2 milhão "não inclui os gastos com voos da FAB, exceto pelo serviço de catering durante o voo". "O Ministério das Relações Exteriores não controla os custos dos voos da FAB, que são despesas da Aeronáutica", indicou o Itamaraty.

 

Fonte: Revista veja

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