Posted by : Unknown sexta-feira, 7 de junho de 2013

Você, como a imensa maioria dos empreendedores, é uma pessoa honesta.
Ao ser indagado sobre suas reais intenções quando propõe quaisquer tipos de empreendimentos, para quaisquer nichos de mercado, com suas almas realimentadas por bolsos cheios de desejos a se realizar, com certeza, apostará sempre na integridade de seus propósitos.
Assegurará, mesmo que não conste em contrato, transparência nas suas contas. Buscará, a todo custo, agregar qualidade aos produtos e serviços que entregar para seus clientes. A preços justos, porque antes de tudo, você é um empreendedor honesto.
Mas tente parar para ouvir você mesmo (ou seus pares) naqueles instantes de transição entre projetos, quando estamos todos juntos numa mesma sala e decidimos entregar o melhor de nós mesmos para garantir que o novo empreendimento seja um sucesso absoluto.
Recolha suas falas e aguce seus ouvidos. E preste muita atenção às propostas.
Independente da escala hierárquica, do quanto está sendo investido, do sexo, qualificação, MBAs ou PhDs, não importa, na hora de alinhar as propostas o que predomina se assemelha muito à tentativa de se realizar o crime perfeito, apesar de nos reunirmos em torno de um plano de negócios que queremos perfeito.

Alinhamento

Os planos de negócios apoiados em apresentações power point ou prezi, ou em vozes altissonantes, bem empostadas e sustentadas pela melodia dos que não têm mais medo de errar, emergem perfeitos, impávidos.
Todo o ritual, os sons, os gestos, a caneta laser, o relógio de marca que nos chama mais atenção que a própria apresentação, tudo junto, para permitir que a ideia determinante se imponha, como fosse um índio que desce de uma estrela colorida e brilhante, como nos canta Maria Bethânia, em "Um Índio".
E o plano perfeito, com previsões e provisões para os próximos meses e anos, com os investimentos em treinamento e na fabulosa campanha publicitária, que atrairá, claro, novos clientes. Consumidores que exigirão a contratação de novos funcionários etc. numa espiral virtuosa e lucrativa.
Está tudo ali, previsto, revisto, avaliado e apresentado com uma eficiência tal que prende nosso fôlego. Principalmente, quando os líderes do futuro projeto têm o cuidado de antecipar e individualizar os cenários e os ganhos.

O futuro apreendido

O futuro está preso ao presente daquela sala, daqueles oráculos, daqueles homens e mulheres de negócios prontos para realizar o plano de negócios perfeito. Por isso, com toda certeza falharão.
Talvez não falhem na mesma proporção da pirâmide financeira que Bernard L. Madoff desenvolveu aos poucos até ganhar proporções astronômicas que comprometeu bilhões de dólares dos seus aplicadores e que resultou, nos Estados Unidos, numa sentença de 150 anos de prisão.
Numa entrevista recente, dentro da prisão, ao jornal New York Times, Bernard Madoff insinua que não agiu sozinho.
E, mesmo que a gente nada entenda de procedimentos bancários, de bolsas de valores e de Nasdaq, que ele chegou a presidir, mesmo assim a gente desconfia, nos raros momentos de lucidez, que é muito difícil arquitetar, convencer, implementar uma pirâmide financeira dessas proporções, sozinho.
Mas é fácil concordar, depois de repetidas reuniões em que todos se ajustam cúmplices em torno de um plano de negócios perfeito, que possa eventualmente surgir uma ideia que alinhará às demais, as fará brilhantes e convincentes, e que mobilizará nossos melhores recursos que serão entregues àquela sala com toda a fé que nos caracteriza.
Por isso participamos dessas reuniões que nos transformam em oráculos dos projetos que sequer ousamos desconfiar. Queremos mesmo é nos alinhar com quem nos antecipa um futuro tão brilhante. E nos entregamos sem volta, com todo o nosso vigor.
E se somos associados, vamos deixar de lado toda a precaução de nossas mães, filhas e esposas, sempre cuidadosas, sempre experimentando os produtos antes de comprá-los em grande quantidade e vamos assinar empréstimos, vender nossos carros, penhorar nossas casas.
Ou acordar desse pesadelo e ter sangue frio na próxima reunião para não nos deixar mais seduzir pelos argumentos apresentados com a mesma performance que julgamos sejam realizadas as tentativas de se planejar o crime perfeito.
Que você e todos nós sabemos tendem a bater de frente com a realidade e fracassarem, como a pirâmide financeira de Madoff.
Fonte: Portal uol

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